sexta-feira, 1 de maio de 2015

Lenda o lobisomem


                                                                    O lobisomem

Lobisomem.

O lombisomem ou lambisome, como é conhecido entre a arraia miúda de Santa Catarina, é - segundo voz corrente - o primeiro ou o sétimo dos filhos de um casal, o qual tem um fado triste a cumprir. Tal qual a bruxa, para evitar-se essa desgraça, o irmão mais velho deve batizar o mais moço. A pessoa que carrega esse fado é, geralmente, de físico pouco agradável; magro, escaveirado, macilento, de olhos fundos e de cabelos fouveiros. Dizem que ele sai à noite e dirige-se para uma encruzilhada onde passa a espojar-se onde outro animal o tivesse feito. Dá-se aí a sua transformação tomando a forma de um animal, geralmente do cão. Passa então a percorrer, gemendo ou uivando pelos caminhos transmitindo infelicidade a todos que encontra. Dizem que sua sina é percorrer entre meia-noite e o primeiro canto do galo sete cidades. Os cães o pressentem de longe e ladram, atemorizados, à sua passagem.

Contaram-me praieiros de Canavieiras que existia no distrito de Ratones uma senhora casada que tinha um filho. Todos os dias, logo que o marido se ausentava, ia ela banhar a criança numa gamela. Ao fazê-lo, aproximava-se um bacorinho. que tentava morder o menino. Ela o enxotava, mas o animal teimava em voltar. Certo dia, ela não se conteve e bateu no bicho que, enfurecido, avançou para ela e pôs-lhe em tiras a saia de baeta. Ao levantar-se, na manhã seguinte, viu com grande assombro os dentes do marido cheios de fiapos da referida fazenda. Foi assim que ele, sendo um lombisomem, perdeu o encantamento.

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