sábado, 14 de janeiro de 2012

Lenda da mão peluda

A muitos anos em Nova Venécia ocorriam os mais estranhos e inesplicáveis assassinatos. Várias pessoas apareciam mortas por estrangulamento sem outras marcas mais que as do pescoço. Cinco marcas que pareciam produzidos por cinco plumas de ferro.

Um dia fui convidado por um nobre amigo que vivia às proximidades da Fazenda Santa Rita , era fanático por armas e me mostrava sua coleção quando de repente vi uma mão humana, negra, ressecada e cheia de pêlos horríveis, com as unhas amareladas. Quando lhe perguntei onde ele tinha conseguido aquela mão me disse: "- Era do meu melhor inimigo, a cortei com um golpe e a coloquei para secar durante oito dias, sempre quer fugir e por isso está acorrentada."
Os crimes continuaram acontecendo e um dia fui acordado pelo meu irmão que me dizia que meu nobre amigo tinha sido assassinado pela noite. Entrando na sua casa vi o cadáver rendido por espadas, tudo indicava que tinha sido uma luta terrível, e seu pescoço apresentava as cinco marcas descritas anteriormente. Dominado pelo medo corri até a sala onde tinha visto a mão peluda e não estava.
Vários meses depois do crime, tinha o mesmo pesadelo: a horrível mão corria por toda a minha casa como uma aranha, e com grande velocidade se movia subindo nas cortinas e paredes.
A mão foi encontrada sobre a tumba do meu nobre amigo, ainda hoje dizem que ela aparece cometendo vários crimes.

Lenda do vaqueiro misterioso

Ele aparece de repente nas fazendas dos confins do Sertão, ou em regiões pastoris do Brasil Não se sabe ao certo de onde veio ou onde nasceu. Sua montaria é um cavalo velho ou uma égua de aparência cansada, imprestável. Está sempre vestido humildemente, com um gibão de couro surrado e o chapéu de vaqueiro encobrindo seu olhar misterioso. Atende por vários nomes. Às vezes, por nome nenhum.
Aparece nas ocasiões onde há vaquejadas ou apanha de gado novo, ferra ou batida para campear. Devido à sua aparência, torna-se alvo de zombaria dos demais vaqueiros e campeadores. Contudo, vence a todos os outros. É o mais ágil, o mais esperto, o melhor, o herói. É aclamado pela multidão, desejado pelas mulheres, o convidado de honra do fazendeiro. Ele, porém, recusa todas as honrarias, e desaparece da mesma forma que surgiu. Ninguém sabe como e nem para onde foi.
(Este é um mito de origem lusitana, com variações locais, que ocorre em todas as regiões de pastoreio do Brasil: Nordeste, Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Bahia. Para o folclorista Luís da Câmara Cascudo, "moralmente, é um símbolo da velha profissão heróica, sem registros e sem prêmios, contando-se as vitórias anônimas superiores às derrotas assistidas pelas serras, grotões e várzeas, testemunhas que nunca prestarão depoimento para esclarecer o fim terrível daqueles que vivem correndo atrás da morte").

Lenda do quibungo

O Quibungo é uma lenda trazida pelos escravos bantos vindos de Angola para o Brasil. Como toda manifestação popular, sofreu interferências culturais ao ser trazida para as terras brasileiras. Na Bahia, essa história é contada com o objetivo de disciplinar, a partir do medo, as crianças teimosas que se afastam dos pais ou que se recusam a obedecer aos adultos.

Metade homem e metade animal, o Quibungo tem uma cabeça grande e uma boca enorme, que fica em suas costas, por onde engole as crianças. Não possui grande inteligência ou esperteza. Nas histórias contadas, ele pode ser morto por qualquer tipo de arma. Ao ser atacado, grita apavorado.

A lenda do Quibungo se assemelha à do Velho do Saco, uma história de raízes portuguesas que conta sobre um homem velho feio, esfarrapado e sujo que tinha um saco grande nas costas. Ao ver crianças teimosas ou sozinhas, pegava-as e colocava-as no saco e com elas desaparecia. O saco nas costas, onde são colocadas as crianças, assemelha-se à bocarra nas costas do Quibungo.
A lenda é uma história que relata acontecimentos fantasiosos (envolvendo pessoas, animais, elementos da natureza e figuras míticas), que se passaram em certo tempo e lugar. Pode ter traços de realidade, ou não. Muitas vezes, as lendas misturam realidade e fantasia, construindo uma nova versão para um fato. O Quibungo surgiu na África por um determinado motivo e tomou outra conotação quando chegou ao Brasil.

Em Angola ou no Congo, o termo Quibungo significa lobo animal. Entre aqueles povos, existiam bandidos que invadiam povoados e aldeias roubando os seus pertences, escravizando homens e velhos, ou sequestrando mulheres e crianças. Os africanos denominaram os grupos que agiam dessa forma de quibungo, ou seja, aquele que entra sem ser convidado.
O pavor causado pelos bandos às comunidades inspirou a criação desse personagem horrendo, que foi transmitido por muito tempo e chegou até a Bahia, no Brasil, com a vinda dos escravos. Não se pode afirmar, ao certo, se a forma física do bicho é a mesma.

No Brasil, já existiam lendas que aterrorizavam as crianças como a Cuca, a Mula-sem-cabeça, o Lobisomem. Nessa mistura de culturas, o Quibungo sofreu alterações e passou a ter objetivos diferentes. As histórias criadas com o conto sempre apresentam finais trágicos e ao mesmo tempo felizes.

Podemos observar que, mesmo a lenda ocorrendo em locais diferentes e com pessoas vivendo situações outras, o objetivo primeiro da lenda, que é apavorar, ocorre em todos os lugares citados. Esse é o elo que existiu entre a lenda nos diversos lugares de ocorrência. A Lenda do Quibungo não migrou com os bantos para outros estados porque a Lenda que eles trouxeram estava relacionada aos problemas vividos na África e não no Brasil. A Bahia se apropriou do termo e criou o bicho para resolver os problemas que estavam sendo vividos pelas comunidades na época. Com isso, ela passou a fazer parte do folclore baiano.

Muitos contos sobre o Quibungo foram narrados por João da Silva Campos: O Quibungo e a Cachorra, A menina e o Quibungo, O Quibungo e o Homem, A Aranha Caranguejeira e o Quibungo, O Quibungo e o Saco das Penas, O Quibungo e o filho Janjão. Suas histórias surgem em um conto romanceado, com trechos cantados, como é comum na literatura oral na África e na China, onde normalmente ocorre ao ar livre em ruas ou praças.

Com o tempo, muitas foram as associações feitas a esse bicho, como feiticeiro, demônio, lobisomem e macacão. Porém, continua sendo aquele ser que prefere a carne fresca das crianças.

Lenda a procissão dos mortos

A Lenda da Procissão das Almas, conta sobre uma velha, que vivia sozinha na sua casa, e por não ter muito que fazer, nem com quem conversar, passava a maior parte do dia olhando a rua através da sua janela, coisa muito comum no interior. Até que numa tarde quando estava quase anoitecendo ela viu passar uma procissão, todos estavam vestidos com roupas largas brancas (como fantasmas) com velas nas mãos e ela não conseguia identificar ninguém, logo estranhou, pois sabia que não haveria procissão naquele dia, pois ela sempre ia à igreja, e mesmo assim quando havia alguma procissão era comum a igreja tocar os sinos no inicio, mas nada disso foi feito. E a procissão foi passando, até que uma das pessoas que estava participando parou na janela da velha e lhe entregou uma vela, disse a velha guardasse aquela vela e que no outro dia ela voltaria para pegá-la .Com a procissão chegando ao fim a velha resolveu dormir, e apagou a vela e guardou-a. No outro dia, quando acordou, a velha foi ver se a vela estava no local onde ela guardou, porém para sua surpresa no local em que deveria estar a vela estava um osso de uma pessoa já adulto e de uma criança.
Horrorizada, a velha senhora persignou-se e rezou o credo com devoção e fervor, repetindo esse procedimento algumas vezes durante o dia. Um longo dia, por sinal, mas que finalmente se foi, como é o destino inexorável de todos eles. E então, pouco antes da meia-noite, ela, trêmula de medo, devolveu os ossos e duas velas bentas à figura embuçada que lhe apareceu diante da janela, recebendo da mesma a seguinte recomendação: ”Que isto te sirva de lição, pois a Procissão das Almas não é para ser vista pelos viventes”.
Dizem que a Procissão das Almas, em Mariana, é baseada nessa lenda, e por isso os devotos que dela participam usam os mesmos trajes e aparatos descritos pela senhora que presenciou a Procissão das Almas.

Lenda o pé de garrafa

O Pé de Garrafa é um ente que vive nas matas e capoeiras. Raramente é visto. Mas ouvem sempre seus gritos agudos ora amendrontadores ou tão familiares que os caçadores procuram-no, certos de tratar-se de um companheiro ou parente perdido no mato.
E quanto mais procuram menos o grito lhes serve de guia, pois, multiplicado em todas as direções, desorienta, atordoa, enlouquece. Então os caçadores acabam perdidos ou voltam para casa depois de muito esforço para reencontrar o caminho conhecido. Quando isso acontece sabem tratar-se do Pé de Garrafa. Logo poderão encontrar os vestígios inconfundíveis de sua passagem, claramente assinalado por um rastro redondo, profundo, lembrando perfeitamente um fundo de garrafa. 


  Supõem que o estranho fantasma tenha as extremidades circulares, maçicas, fixando assim os vestígios que lhe servem de assinatura. Vale Cabral , um dos primeiros a estudar o Pé de Garrafa, disse-o natural do Piauí, morando nas matas como o Caipora. A julgar pelas enormes pegadas que ficava na areia ou no barro de massapê devia ser de estatura invulgar, talvez maior que dois homens.
Outro historiador, o Dr. Alípio de Miranda Ribeiro foi encontrar o Pé de Garrafa em Jacobina, Mato Grosso. Seu informante, Sebastião Alves Correia, administrador da fazenda, fez uma descrição mais ou menos completa. Disse ele: "O Pé de Garrafa tem a figura dum homem; é completamente cabeludo e só possui uma única perna, a qual termina em casco em forma de fundo de garrafa."
É uma variante do Mapinguari amazônico e do Capelobo. Grita, anda na mata e tem uma pegada circular. Não há nenhuma informação se o Pé de Garrafa mata para comer ou é inofensivo. Também, não há relatos de que já tenha atacado alguém.
Nas velhas missões de Januária, em Minas Gerais, o mítico Bicho-Homem é também chamado Pé de Garrafa. O Prof. Manoel Ambrósio explica que " o Bicho-Homem tem um pé só, pé enorme, redondo, denominado por isto - pé de garrafa."
Há outro personagem cujo nome é Pé de Quenga, uma espécie de demônio que deixa vestígios semelhantes ao que seu irmão Pé de Garrafa imprime na areia dos riachos e no barro vermelho. São rastros redondos, configurando a intrigante presença de um ser fora do comum. O Pé de Garrafa é sem dúvida o Pé de Quenga. Mas não possui poderes infernais, nem a fome insaciável dos demais monstros da sua categoria.
Barbosa Rodrigues informa que o Caapora era conhecido em certos Estados como sendo unípede e com um casco arredondado. O Pé de Garrafa possui, claramente, traços característicos do Caapora, do Mapinguari, do Capelobo e do Bicho-Homem. A pata redonda, que lhe dá o nome, lembra o Pé de Quenga. De verdade o mito está tão mesclado que o Pé de Garrafa, gritador inofensivo do Piauí, perturbador dos caminhos em Mato Grosso, ao chegar em Minas Gerais ganha o nome de Bicho-Homem, e torna-se um devorador insaciável de viajantes e residentes incautos.

Lenda da mão cabeluda

Diz o povo de Chaval, que mora próximo ao Açude Novo, que dentro do açude tem uma assombração, denominada Mão Cabeluda. Dizem que esta Mão Cabeluda, toma forma de diversas assombrações como: Cobra; mulher gritando em volta do açude e em uma grande mão que tenta agarrar os banhistas principalmente os noturnos. Algumas senhoras contam que quando lavavam roupas, sentiram uma mão forte agarrando-as pelas pernas, pediram socorro e só foram socorridas , quando invocaram Nossa Senhora de Lourdes e Jesus Cristo. Outras pessoas mais antigas falam que esta mão começou a aparecer, depois que morreu um senhor afogado no açude. O mesmo senhor gostava de tomar banho altas horas da noite.

Lenda do joão-de-barro

Contam os índios que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro.

Segundo a lenda,  há muito tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de grande beleza. Jaebé, o moço, foi pedi-la em casamento.
O pai dela então perguntou:
- Que provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da tribo?
- As provas do meu amor! - respondeu o jovem Jaebé.
O velho gostou da resposta, mas achou o jovem atrevido, então disse:
- O último pretendente de minha fila falou que ficaria cinco dias em jejum e morreu no quarto dia.
- Pois eu digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei.

Toda a tribo se admirou com a coragem do jovem apaixonado. O velho ordenou que se desse início à prova. Então, enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado. A jovem apaixonada chorava e implorava à deusa Lua que o mantivesse vivo. O tempo foi passando e certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se passaram cinco dias. Não o deixe morrer.

E o velho respondeu:
- Ele é arrogante, falou nas forças do amor. Vamos ver o que acontece.

Esperou então até a última hora do novo dia, então ordenou:
- Vamos ver o que resta do arrogante Jaebé.

Quando abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro. Seus olhos brilharam, seu sorriso tinha uma luz mágica. Sua pele estava limpa e tinha cheiro de perfume de amêndoas. Todos se admiraram e ficaram mais admirados ainda quando o jovem, ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro enquanto seu corpo, aos poucos, se transformava num corpo de pássaro!

E foi naquele exato  momento que os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que também se viu transformada em um pássaro. E, então, ela saiu voando atrás de Jaebé, que a chamava para a floresta onde desapareceram para sempre.

Podemos constatar a prova do grande amor que uniu esses dois jovens no cuidado com que o joão-de-barro constrói sua casa e protege os filhotes. Os homens admiram o pássaro joão-de-barro porque se lembram da força de Jaebé, uma força que nasceu do amor e foi maior que a morte.

Lenda a gralha-azul

A gralha-azul é uma ave que tem por hábito enterrar pinhões em tempo de fartura para armazená-los e ter a comida garantida. Muitas vezes ela não volta a desenterrar o mesmo e eles germinam dando origem a novos pinheiros.
Por essa razão, pesquisadores afirmam que a ave é de grande importância para a conservação da floresta de araucárias.
Segunda a lenda da Gralha-Azul seu comportamento de enterrar pinhões tem outro motivo...
Há muitos anos a Gralha-Azul era, na verdade, uma ave negra. Certo dia enquanto descansava num pinheiro sentiu um lenhador golpeando o tronco da árvore.
A árvore tombou no chão.
Triste e inconsolável a ave voou bem alto no céu, parecia querer acordar de um pesadelo. Lá ela ouviu a voz de um anjo que disse que ia pintá-la da cor azul, igual ao céu. Em troca, ela ajudaria a preservar a floresta plantando sempre mais pinheiros.
Dizem por aí, que sempre que um caçador tenta atirar na ave,a arma explode em suas mãos.

Lenda do bicho homem

No fundo das matas virgens e encostas das escarpadas serras de São João das Missões de Januária, segundo lendas antigas, morava o bicho-homem. Rezavam elas que em tempos primitivos, dezenas de índios caçadores e meladores daquela aldeia foram por ele devoradas.
Diziam-no um gigante tão alto, que sua cabeça tocava as frondes das mais altas arvores, tendo um olho só, um pé só, pé enorme, redondo, denominado por isto de pé de garrafa.
Afirmavam que em eras não mui remotas, um dia pela estrada real apareceram as pegadas extraordinárias jamais vistas, de uma criatura humana.
Mais de vinte cavaleiros infrutiferamente seguiram-nas por muitos dias.
A idéia e o perigo de encontrar-se o bicho-homem os dissuadiram da empresa. Não poucos atestavam tê-lo visto, pintando-o com cores vivas e tão vivas, que nunca mais na aldeia essas se apagaram da imaginação aborígene.
De tempos a tempos sucedia que lenhadores, caçadores e meladores, amedrontados e escarreirados das brenhas e carrascais aos gritos do bicho-homem, alarmavam a aldeia.
Esses gritos eram horrorosos; e se um dia por desgraça, saísse o bicho dos seus esconderijos das montanhas, bastaria um só para arrasar o mundo.
Sua existência estava povoada por sinais de seus dedos monstruosos e aguçadas unhas, lanhando as terras vermelhas e pedras das paredes dos altos montes, os escalavrados cor de sangue das ladeiras íngremes e mais que tudo os pedaços de sua longa cabeleira que de passagem deixava-os pendurados nas ramagens. E aos bocados apanhando-os juravam e juravam tanto por essa existência, tais a certeza e a convicção dessa verdade, que as gerações modernas nunca mais a esqueceram.
Um dia, em 1893, em demanda do arraial do Jacaré, ribeirinho povoado do São Francisco, fronteiro ao grande morro do Itacarambi, chegara de carreira um tapuia das cercanias, conduzindo três filhinhos.
Ali entrara desvairada, gritando, pedindo socorro, bradando misericórdia. Cercaram-na, indagando a causa.
Era o bicho-homem que gritava na floresta, tendo descido as montanhas; que lá vinha errando e o mundo estava pr’acabar.
Que bem diziam os seus antepassados!
Ela e muita gente sua tinha ouvido os seus horrores.
Por essas catingas, apontava ela, estirando a dextra, em busca da beira do rio, muito povo, muito povo correndo!
Causava lástima ver-se o estado triste, desesperador, dessa pobre criatura em desalinho, roupas em tiras, olhos esbugalhados, apontando sempre quase louca em rumo as montanhas interiores.
— Ah! o bicho-homem! Ouvi gritar! É horroroso! É horroroso, Virgem Mãe do Céu!
O povo olhava atônito para o fundo escuro das selvas, onde, a um canto ao norte, se alteiava o dorso gigante do Itacarambi.
Estaria, porventura, o monstro ao detrás do fabuloso e vizinho monte?
Existia a lenda.
De fato, seria verdadeira a historia do bicho-homem? Seria mentira dessa cabocla e deveras andariam outros correndo, amedrontados como ela?
— Uai! uai! uai! uai! ai! ai!... ô! ô! ô! ô!... ai! ai! ai! ai! ai! ai! uai... ai ai ai ai! ô! ô! ô! ô!... bradara desse instante forte por mais de três léguas em torno um grito formidável, de ferro, realmente pavoroso de lástima, alto, profundo, imenso, aterrador e pungente, vale em fora — o apito de vaia, descomunal, vagabundo, peralta, desmantelado, gracista, metido a sebo e pedante, do vapor Rodrigo Silva de passagem por aquele porto.

Lenda do arranca linguas

De acordo com as pessoas que já o viram, o Arranca Línguas seria como um grande Gorila, porém muito maior do que um Gorila ou um homem, segundo contam um dos seus principais alimentos é a língua, que pode ser tanto de animais como, bois, cavalos, cabras ou mesmo de gente. Costuma atacar suas vítimas à noite, matando-as e retirando-lhes a língua para comer, é por isso que recebe o nome de Arranca Línguas. Esta Lenda é muito comum no Estado de Goiás e na região do Rio Araguaia